Museu do Negro – Museu de Artes, Culturas e Memórias Negras | Foto: Jesiel Braga/PMM
O Museu de Artes, Culturas e Memórias Negras foi inaugurado nesta sexta-feira (27) pela Prefeitura de Macapá, como o primeiro espaço cultural permanente da cidade voltado exclusivamente à valorização da história, da arte e da identidade da população negra.
O museu é coordenado pelo Instituto Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Improir) e reúne um acervo diverso e vivo: esculturas africanas, fotografias históricas, objetos do cotidiano, cerâmicas quilombolas, arte contemporânea e livros.
Memórias e vozes da ancestralidade negra
| Foto: Emanuelle Gomes/PMM
| Foto: Emanuelle Gomes/PMM
Entre esculturas, fotografias e objetos de memória ancestral, a sala de arte e literatura abriga também palavras que atravessam o tempo. Uma das autoras homenageadas é Negra Áurea, escritora amapaense cujos livros sobre empoderamento feminino agora fazem parte do acervo do museu.
“Divulgar o nosso trabalho é dar vida às nossas histórias. Durante muito tempo, mulheres negras escreveram sem serem lidas, sem serem vistas. Ter meus livros aqui é dizer que nossas vozes importam, que nossas vivências merecem ser contadas e compartilhadas com orgulho”, diz, emocionada, ao ver seus livros expostos em espaço público dedicado à negritude.
Negra Áurea | Foto: Emanuelle Gomes/PMM
Macapá é a segunda capital brasileira com o maior percentual de população negra, com 76% dos moradores se autodeclarando pretos ou pardos, segundo o Censo 2022 do IBGE. Esse dado reforça a importância do museu como um espaço que valoriza e preserva a identidade afro-amapaense, refletindo a diversidade e a força cultural dessa população.
Espaço coletivo e participativo
Durante a cerimônia de entrega, a diretora-presidente do Instituto Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Improir), Cristina Almeida, destacou que o museu foi idealizado com base na escuta ativa de comunidades tradicionais, artistas e lideranças negras locais, e que seguirá sendo um espaço coletivo, construído de forma viva e participativa.
“Aqui, cada peça, cada obra e cada livro contam uma parte da nossa história. Mas o mais importante é que, a partir de agora, nosso povo terá onde se reconhecer, e nossos ancestrais, onde serem lembrados com dignidade”, destacou.
Cristina Almeida, diretora-presidente do Improir | Foto: Emanuelle Gomes/PMM
| Foto: Emanuelle Gomes/PMM
Estrutura e funcionamento
A estrutura abriga três salas expositivas: uma permanente, uma temporária e outra dedicada ao Marabaixo. A sala literária é um espaço de encontro entre palavras e pertencimento, onde autores e autoras negros do Amapá passam a ocupar, com dignidade, o lugar de referências culturais.
Um momento importante durante a entrega aconteceu quando o prefeito de Macapá sancionou a Lei nº 2.927/2025, oficializando a criação do Museu de Artes, Culturas e Memórias Negras de Macapá. A norma estabelece o museu como uma instituição pública permanente, com a missão de preservar, valorizar e comunicar o patrimônio material e imaterial construído pelas populações negras no município.
“Macapá é uma cidade construída pelo trabalho e pela cultura do povo negro. Este museu é um gesto de respeito, de reparação e de compromisso com a verdade da nossa história”, afirmou o prefeito Dr. Furlan durante a cerimônia de sanção da lei.
Dr. Furlan, prefeito de Macapá | Foto; Emanuelle Gomes/PMM
Prefeito de Macapá sancinou a Lei nº 2.927/2025 | Foto; Emanuelle Gomes/PMM
O museu funcionará de terça a domingo, das 9h às 17h, com entrada gratuita. Além das exposições, contará com biblioteca, sala de pesquisa, loja cultural e espaço multiuso para eventos, oficinas e rodas de conversa.
| Fotos por Emanuelle Gomes e Jesiel Braga/PMM
Fotos completas no Flickr:
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